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terça-feira, 12 de novembro de 2013

Vinte anos sem Fellini

Há exatos vinte anos atrás falecia o cineasta Frederico Fellini. É inegável a sua contribuição para o desenvolvimento do cinema moderno. E mais até: "felliniano" tornou-se um adjetivo para designar indivíduos realmente cinematográficos, tipos que guardam determinadas características capazes de inspirar a criação de personagens de cinema.

A Estrada da Vida (1954) é uma das obras que mais chamam a atenção dos cinéfilos. A película narra a trajetória de um artista de circo mambembe, que munido de uma motocicleta adaptada, e após comprar uma esposa, percorre diversas cidades italianas levando a público um espetáculo curioso: envolto numa corrente de aço presa ao peito, a ação de Zampano consistirá em parti-la, sem usar as mãos, usando a força do próprio torax como ferramenta. Mas o artista se apaixona pela expressiva Gelsomina, uma mulher franzina e divertida; um misto de Carlitos num cenário pós Segunda Guerra Mundial.

Os artistas mambembes e os circos ambulantes constituíram uma constante na história do Brasil (e da Europa também) do século XIX e princípios do XX. Percorreram distintas cidades do país levando consigo lazer, informação e aventura para os corações dos interioranos. Estes incidiram nas praças,  nos mercados e adros das Igrejas para prestigiar os espetáculos apresentados pelas companhias de teatro, pelos circos e os artistas nômades que propagandeavam suas apresentações pelo espaço público das cidades.

Talvez seja essa atmosfera de novidade, aventura e fascínio que percorra A Estrada da Vida de Fellini. Contudo, como preservá-la no contexto de um desenvolvimento acelerado dos transportes, do acesso aos bens de consumo e aos meios de comunicação pelas pessoas? Como os indivíduos preenchem suas existências naquele contexto? É possível preservar uma inocência talvez  perdida?

Creio que determinadas fitas de Fellini tocam nesses assuntos e desta forma, justificam uma exibição de seus filmes ainda hoje...