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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Madame Bovary


Madame Bovary por si já é uma obra intrigante. O filme de Claude Chabrol não fugiu à regra e procurou adaptar a atmosfera que o escritor Gustave Flaubert demonstrou aos seus leitores no romance homônimo.

A história gira em torno de Emma Bovary, uma mulher do século XIX, casada, que resolve partir para uma sequência de desventuras amorosas que fatalmente a levarão à ruina. A crítica de Flaubert recai sobre o romantismo que recobre a espiritualidade das pessoas no seu vir-a-ser cotidiano. Este romantismo levado ao extremo se converteu num amor e paixão exasperado que fatalmente levou Emma Bovary à desgraça.

O dado mais curioso que chama a atenção para o livro de Gustave Flaubert refere-se ao fato de que o escritor se indentificou com a personagem ao ponto de afirmar "Madame Bovary c'est moi" (Madame Bovary sou eu), ou seja, a profissão de escritor implica numa relação com o mercado na qual ele se torna um escravo, um prostituto, tal como Emma, uma escrava e prostituta de seus sentimentos. 

Por todos esses atributos e questões indico este filme de Chabrol, que na minha opinião, conseguiu traduzir para o cinema, a atmosfera do livro de Flaubert.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

As locadoras de bairro e os cinemas

Está acontecendo um fenômeno no campo do cinema que tem chamado a atenção dos pesquisadores: o sumiço das locadoras de bairro.

Por quase duas décadas, as locadoras de bairro, que pipocaram com o advento da fita VHS, ocuparam um papel semelhante aos cine-poeira ou cinemas de calçada. Estes cinemas constituíram uma referência importante para as comunidades, pois, neles os moradores e suas famílias passaram horas se divertindo com a sétima arte.

Estes cinemas já existem mais. Semelhante processo de desaparecimento dos cine-poeira têm se verificado com as locadoras de bairro, que se extinguem pouco a pouco. 

Estas locadoras já não conseguem acompanhar o processo de concentração e de oligopolização do campo cinematográfico em nível mundial. A tendência aponta para a concentração e o surgimento de grandes cadeias de locadoras capazes de acompanhar as mudanças tecnólogicas porque que passa o cinema no mundo. 

Infelizmente, a paisagem de cogumelos dos cinemas e locadoras de bairro tende a desaparecer nos próximos anos. A revolução tecnológica cuidará disso e será preciso fazer a história das locadoras de bairro que tantas alegrias trouxeram para os cinéfilos que não as abandonaram...

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

"Metropolis" de Fritz Lang


Muito antes do Exterminador do Futuro o cineasta alemão Fritz Lang anteviu a possibilidade de explorar no cinema o conflito Homem-Máquina. Precisamente em 1927, quase uma década antes do nazismo ganhar os corações dos alemães, era exibida da película "Metropolis".

Mediante um enredo singular temos a narrativa de um jovem rico que se apaixona por uma moça pobre escravizada pela elite da qual o jovem provinha. Eis um tema clássico tanto nos romances quanto na vida cotidiana das pessoas. Porém, este conflito se agrava no exato momento em que um cientista, aliado da elite, inventa uma mulher-máquina que substitui a jovem pobre tendo em vista impedir que os escravos se rebelem na "metropole".

Esta narrativa por si já garantiria a unanimidade desta película no panteão dos filmes clássicos mundiais, contudo, o motivo que lhe conferiu aquela unanimidade residiu no fato de congregar características do expressionismo alemão calcado na deformidade e nos contrastes das luzes e sombras presente no cenário da "metropole".

Por tudo isso, creio que vale a pena assistir este filme de Fritz Lang que fugiu da Alemanha, tempos depois da realização de "Metropolis",  na direção da meca do cinema mundial: Hollywood. Mas isso é uma outra face do cinema que depois poderá ser comentada neste blog.