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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cinema Paradiso



Cinema Paradiso é um barato! Não é possível assistir a esse filme e ficar imune às emoções que ele suscita no espectador. Já vi, revi, e revi de novo esse filme várias vezes. Qualquer pessoa que tenha tido uma experiência numa sala de cinema conseguirá se apaixonar por Cinema Paradiso.

É bastante provável que tenha havido pelo um cinema nas cidades com mais de cinquenta mil habitantes no Brasil. Pois bem, a narrativa de Cinema Paradiso toma por base essa realidade. Trata-se da trajetória de um cinema e a paixão de dois projetistas pelo cinematógrafo. Alfredo e Totó. Alfredo é mais velho e Totó ainda é uma criança. Ambos são apaixonados pelo cinema.

A música do filme parece ter sido feita para criar um ambiente de algo vivido com intensidade e melancolia. Esse primeiro ambiente advém das experiências que os espectadores tiveram dentro da sala do Cine Paradiso: há aqueles que conseguem um parceiro dentro do cinema; há outros, como o padre, cuja função era assistir aos filmes e não permitir que as cenas consideradas por ele como eróticas (um beijo na boca, por exemplo), fossem veiculadas.

O outro ambiente, de melancolia, por sua vez, é retratado no filme por uma sensação de que tudo aquilo irá acabar um dia, principalmente o prédio do cinema, na qual os espectadores travaram as mais vívidas paixões. O cinema popular acabou (salas pequenas e aconchegantes); o ambiente de convivência dentro das salas já não existirá; a música já não toca mais os espectadores. Uma época do cinema já se foi e não retornará senão na memória daqueles que a curtiram com muito amor.

Acredito que uma parte da nossa juventude atual não terá a compreensão exata do que foi essa etapa do cinema senão a partir das próprias histórias que contam essa história, tal como o Cinema Paradiso, ou mesmo os livros, tal como o meu Filmografia da exibição cinematográfica em Montes Claros. Estou no meu terreno! O meu objeto de pesquisa foram as salas de cinema que se acabaram em Montes Claros, tal como o Cinema Paradiso.

Cinema Paradiso é uma homenagem ao cinematógrafo! A todos aqueles profissionais envolvidos na produção, distribuição e exibição dos filmes. O cinema é considerado a arte mais popular no mundo. Tava faltando um filme que fizesse essa homenagem, das muitas que o cinema merece. Viva o cinema!

O Último Tango em Paris



Depois de quase quarenta anos este filme de Bernardo Bertolucci ainda causa estranhamento. É comum o (a) expectador (a) não conseguir assisti-lo até o fim e mesmo quase no final do filme se retirar da sala de exibição ou abandonar a sua projeção. De fato, é uma película desconcertante!

Mas, o que nos inquieta em O Último Tango? Creio que este filme retrata um pouco a atmosfera dos anos finais da década de sessenta e princípios de setenta (O Maio de 68 francês, a Guerra do Vietnã, os protestos nas ruas, o movimento feminista), pois, o personagem principal encarnado por Marlon Brando se coloca no papel de questionador da família, do medo, de Deus, da repressão sexual e de outros mitos da época.

Inicialmente Paul (Marlon Brando) propõe a Jeannie (Maria Schneider) o encontro num apartamento e ali, desprovidos de um nome, pois pretendem ser anônimos um para o outro, entabulam um romance movido por uma pulsão sexual fora do convencional. Este é o tema principal do filme. As narrativas secundárias servem para desenvolver os outros temas inerentes ao filme: o medo, o questionamento da religião, da família...

Paira no ar uma homenagem à Nouvelle Vague francesa, movimento que redimensionou o cinema moderno na França. Às vezes a narrativa parece um pouco pueril e outras, bastante carregada. Como exemplo, o diálogo de Marlon Brando com sua esposa morta.  Ela havia cometido suicídio e não fora enterrada, permanecendo recolhida numa cama de hotel ao lado de muitas flores.

Este filme consagraria a filmografia de Bernardo Bertolucci. Alguns anos mais tarde ele realizou O Último Imperador, uma mega-superprodução sobre o último imperador da China Imperial. Bernardo tinha uma ligação muito estreita com o cinema brasileiro, sobretudo, com Glauber Rocha e Paulo César Saraceni. Na década de noventa, Bertolucci filmou O Céu Nos Protege, película na qual se nota a influência do Cinema Novo.

Essas informações servem para nos ajudar entender a opção do cineasta ao concretizar O Último Tango em Paris. Bertolucci é um cineasta bastante eclético e este filme revela isso. A dificulade que por vezes nos assola no instante em que vemos esta película pode ser traduzida pelo questionamento que o filme suscita em nós em torno dos nossos valores. Acredito que esta seja uma das funções do cinema, provocar sensações e emoções.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Fitzcarraldo

Olá! Tô de volta e agora com força total. Pra quem já viu ou reviu Fitzcarraldo ou tá com vontade de ver, lá vai a minha viagem sobre Herzog e o seu cinema. Rainer Werner Herzog pertence a uma corrente cinematográfica denominada de Novo Cinema Alemão. Tal corrente cinematográfica originou-se, na Alemanha, entre os anos finais de sessenta, setenta, e oitenta, e era constituída por Wim Wenders, Werzog, Rainer Werner Fassbinder e montadores e fotógrafos experientes.

Tais jovens cineastas e realizadores eram críticos de uma realidade que se despontava na Europa e sobretudo, na Alemanha, pós Segunda Grande Guerra Mundial. O seu posicionamento crítico baseava-se no fato de que aqueles jovens não vivenciaram a reconstrução da Europa tal como os seus pais e avós, contudo, conviviam com a consequência, e também, consciência da culpa pela guerra que recaía entre aqueles sobreviventes do conflito mundial. Seus primeiros filmes reflitiram a atmosfera de desconforto e solidão que acompanhava aquela consciência.

Assim assinaladas tais características do Novo Cinema Alemão e a vinculação de Herzog a este movimento resta dizer que Fitzcarraldo é um filme de um cineasta maduro e cuja temática fílmica extrapola o contexto europeu para retratar a selva amazônica brasileira e peruana. 

Nesse sentido o personagem Fitzcarraldo é um amante da ópera e deseja ardemente construir um teatro no meio da floresta homenageando, desta maneira, o objeto de seu amor. A ópera, portanto, constitui o motivo que alimenta o personagem rumo ao desconhecido. Neste filme de Herzog desponta-se a participação de artistas e atores brasileiros tais como Milton Nascimento, José Lewgoy, Grande Otelo, dentre outros.

Pode-se observar nesta película uma homenagem ao cineasta russo Eisenstei (Encouraçado Potemkin) na maneira como Herzog filma a embarcação (de baixo pra cima) de Fitzcarraldo e um questionamento da presença da civilização que rasga literalmente a selva. Baseado em história real do século 19 e ponto alto da parceria entre Herzog e Kinski, Fitzcarraldo teve uma das filmagens mais tumultuadas da história. Ao ponto de Kinski desistir das filmagens e ser ameaçado de morte por Herzog se ele não terminasse o filme. Vale a pena conferir o resultado final! O mundo tá carente de filmes que nos façam pensar, independente de que este filme carregue uma narrativa lenta e às vezes irregular.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Folha e o Cinema Europeu

A Folha de São Paulo lançou a Coleção Folha Cine Europeu. São vinte e cinco filmes de diferentes épocas e correntes cinematográficas. Maiores informações consultar o link direto com a Folha. Vou comentar alguns destes filmes aqui no blog.