Basicamente minha pesquisa sobre cinema brasileiro que resultou no livro Filmografia começou com a leitura de um texto sobre a historiografia clássica do cinema nacional. A discussão é simples e pode ser acompanhada da leitura de um texto do historiador Jean-Claude Bernardet que assina um comentário sobre o meu livro publicado no marcador de página.
Em que consiste a reflexão de Jean-Claude Bernardet? De acordo com Bernardet, dir-se-ia que, na historiografia clássica do cinema brasileiro, sobretudo em textos de Paulo Emílio Salles Gomes, Jurandir Passos Noronha, Paulo Paranaguá e Alex Viany, a ideia ou a busca de um nascimento para o cinema nacional corroborou para que esses historiadores aceitassem uma filmagem da Baía de Guanabara, realizada por Alfonso Segreto, em 1898, como o nascimento do cinema brasileiro. Tal se deu sem uma crítica metodológica aprofundada às fontes primárias, uma vez que o suposto filme de Segreto nunca foi encontrado ou teve a sua exibição confirmada. Nesse sentido, a historiografia clássica do cinema brasileiro opera, em seu interior, uma dupla omissão: relega a segundo plano a exibição, uma variável significativa do processo cinematográfico em detrimento da produção (filmagens); e omite determinadas regiões cuja produção de filmes esteve aquém de ser alçada à categoria de “ciclo regional” ou produtor de películas, tal como se enquadra a cidade de Montes Claros e o seu circuito exibidor.
Quem se interessar em aprofundar a discussão veja o texto do Bernardet neste link.