Roberto Rossellini é considerado uma referência para todos aqueles que desejam fazer cinema. É uma pena que os jovens e apaixonados pela sétima arte não o conheçam devidamente.
Este cineasta, juntamente com Vittorio De Sica, que não foi contemplado pela coleção da Folha, foram os principais responsáveis pela criação do neo-realismo italiano, movimento cinematográfico que surgiu na Itália após a Segunda Grande Guerra Mundial. O marco inicial do movimento é o lançamento do filme de Rossellini, Roma, città aperta (1944-1945), rodado logo após a libertação de Roma, nitidamente influenciado pelo realismo poético francês.
Trata-se de um filme que procura mostrar com intensidade a escolha dos alemães pela ideologia da raça pura. Alguns italianos, membros da resistência lutam para debelar a influência dos alemães e coloboradores locais. É preciso notar que esta façanha torna-se implácavel e sem sucesso.
Os filmes de resistência ao nazismo, tanto de italianos, como franceses ou mesmo dos países escandinavos, não devem obscurecer o fato de que expressivo número de pessoas destes países apoiaram os regimes fascistas e nazistas na Europa. Parece haver uma meia-culpa que permeia estas produções de filmes concretizados após o conflito mundial ou uma perplexidade que atravessa as consciências europeias fruto talvez de uma aflição pela ocorrência de tamanha atrocidade cometida durante a Segunda Guerra Mundial e apoiada pelos europeus.
Assim estampada esta ressalva o filme de Rosselin merce ser visto, pois, permeia em sua idealização um certo humanismo que anda fazendo falta nos dias de hoje.